Ouço falar de muitos sobre suas aspirações de pertencer ao “Sonho Americano”. Reflito e descubro, consternado e triste, que raríssimos são os relatos de conquistas estrangeiras nesse território distante e lendário dos Buffalo Bill, Walt Whitman, George Washington, Lee e Grant, Ezra Pound e, mais recentemente, do famigerado Bill Gates. Todos têm seu legitimo espaço na história do “American Dream”. Mas esse sonho é norte-americano, fabricado nos EUA, e, portanto, a priori, não prevê participação de “forasteiros tupiniquins” como a gente, ali vivendo, na maioria das vezes, na clandestinidade, no anonimato, desperta no medo, a maioria sonhando um dia poder voltar ao Brasil com melhores condições financeiras.
Sendo assim, me questiono: Por que, ainda, almeja-se tanto esse “American Dream”? Por que não elaborarmos o “Sonho Brasileiro”, nos perímetros do nosso amado solo? Há oportunidades reais, genuinamente brasileiras, nessa terra de homens e mulheres generosos e alegres, de recursos naturais e belezas únicas. Podemos, sim, medrar este sonho e realizá-lo, enriquecido pelos diferentes temperos étnicos, culturais e sociais. Falta-nos ainda o espírito de libertação das senzalas e do servilismo passado. Falta-nos o despertar para a consciência coletiva do realizável.
O “Sonho Brasileiro” já foi concebido, visualizado e cantado por inúmeras, uníssonas vozes desde a nação primeira Pindorama, e pelos poetas e músicos que souberam escutar seus sons e retratar magistralmente as suas cores. Não é preciso muito, basta acreditar no potencial, vestir o Brasil com trajes de nação forte e próspera. Apenas crer, crer intensamente, como aquela mulher analfabeta que, somente aos 94 anos, teve o seu sonho realizado ao aprender a ler e escrever.
Amigos, não sei se consegui dimensionar a profundeza do amor que sinto pelo Brasil. Vim a esse país com muita esperança, e me tornei um de vocês. Carrego em mim a alma fenícia, uma bagagem de histórias de navegadores e comerciantes, de homens que sonharam o horizonte, inquiriram o tempo e traduziram as vozes sutis das conchas marinhas nacaradas. Quero, à imagem deles, sondar o céu estrelado de Tiro e descobrir o que me fez sonhar o Brasil. E plantar sementes, muitas, na seara do Sonho Brasileiro.
Ouçam! O “Sonho Brasileiro” está vivo, e é possível! Flui na irmandade que nos une silenciosamente no dia-a-dia, na vontade de superarmos as adversidades com o sorriso, na fragilidade de chorarmos com todas as emoções, na fé sólida e respeitosa de todos os credos em algo superior a nós, no amor que nos abençoa e nos une através de cada ato de carinho e cuidado que temos um para com o outro, nas incríveis ações de bem que nos impulsionam a transpor os limites da hipocrisia e do egoísmo para realizarmos o inimaginável, na sensação do dever cumprido ao final do dia, no bem-estar que uma consciência limpa pode nos proporcionar.
E, por fim, na prazerosa liberdade que o livre-arbítrio brasileiro me dá, nesse exato momento em que escrevo, para convidá-los à construção de um projeto comum. Agora, meus amigos, fechem seus olhos, e sonhem juntos comigo....
O Sonho Brasileiro!
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